quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

10. - CAP. IX - O DESCOBRIMENTO DO BRASIL



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A DESCOBERTA DO BRASIL - ACASO OU OFICIALIZAÇÃO DA DESCOBERTA

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Logo após a chegada de Vasco da Gama da Índia, em finais de Verão do ano de 1499, D. Manuel decidiu enviar à Índia uma armada mais poderosa do que a frota anterior.
As riquezas do Oriente fascinavam e motivavam o jovem rei. Por outro lado intentava impressionar o Senhor do Mar de Calecute, que havia apoucado Vasco da Gama.
Fosse diplomaticamente, fosse pelo poder da artilharia, pretendia D. Manuel obter o monopólio do rentável comércio das especiarias, já que a pimenta era um produto de primeira necessidade por melhorar o sabor bastas vezes repugnante das carnes em conserva.

Treze navios fortemente armados, 1500 homens preparados para combate, para além de pilotos e tripulantes experimentados nos mares, escolhidos entre os melhores.
Os navios eram caravelas redondas, assim chamadas devido ao formato arredondado do casco e de envergar velas redondas para além das triangulares denominadas latinas. Tinham cerca de 30 metros de comprimento e 6 de boca, com 30 canhões.


O comandante escolhido, não era tal como Vasco da Gama, um homem do mar. Não foi Bartolomeu Dias, nem Nicolau Coelho, mas Pedro Álvares Cabral (1467-1520), nobre, militar, com qualidades diplomáticas, empossado por Carta Régia de 10 de Fevereiro de 1500. Cabral deveria ter por essa altura 33 anos. 


É possível que nunca tivesse navegado e a navegação da armada estaria entregue a Pêro Escobar, um excelente piloto, aos irmãos Dias e a Nicolau Coelho.


Entre os capitães, podemos salientar, o próprio Cabral, o castelhano Sancho de Tovar na nau sota-capitânia, Simão de Miranda, Aires Gomes, Simão de Pina, Vasco de Ataíde, Pêro de Ataíde, Gaspar de Lemos, e os capitães navegadores, Bartolomeu Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho. Bartolomeu Dias e Diogo Dias tinham como missão criar uma feitoria em Sofala, onde existia uma mina de ouro.

Na nau capitânia, com Cabral, seguiam Pêro Vaz de Caminha, e alguns frades franciscanos. Frei D. Henrique Soares de Coimbra, que celebrou a primeira missa em terras de Vera Cruz, tinha um camarote ao lado do de Pedro Álvares Cabral.

Apesar do “Regimento do Sol” só aparecer em Guias Náuticos de princípios do século XVI, Pêro de Alenquer utilizou-o nesta viagem, havendo notícias de que José Vizinho havia estado na Guiné por volta do ano de 1485 para o ensaiar.
Mestre José Vizinho foi aluno de Abraão Zacuto, que publicou em 1446 o Almanach Perpetuum, e médico de D. João II.


No dia 9 de Março parte do Tejo a armada que passa o arquipélago das Canárias alguns dias depois, cerca de 700 milhas em 5 dias a uma velocidade média de 6 nós, média excelente mesmo para um veleiro moderno com 10 metros de comprimento fora a fora.
A velocidade era medida com uma barquinha.

As 800 milhas das Canárias a Cabo Verde, foram percorridas em 8 dias, a uma velocidade de 4 nós.
Lança ferros no dia 22 desse mês na ilha de S. Nicolau do arquipélago de Cabo Verde, onde estranhamente Cabral não fez a aguada – não se reabasteceu de água doce.

Nas águas de Cabo Verde, no dia 23, perdeu-se a nau de Vasco Ataíde, “comida pelo mar”.

No dia 29 de Março a frota entrou na zona das calmarias equatoriais, onde os ventos chegam a repousar por mais de 40 dias ou surgem inusitadamente violentas tempestades de ventos mudáveis.
Durante dez dias os navios navegaram à velocidade de um nó.

No dia 9 de Abril cruza o Equador.

A partir daí, Cabral teria de fazer-se ao largo, no extenso círculo dos alísios, para depois rumar a Sul, Sueste e Leste, na direcção do Cabo da Boa Esperança, aproveitando a “volta de mar” descoberta por Bartolomeu Dias. Volta a ganhar velocidade por efeito da “corrente brasileira” e de ventos favoráveis – 5 nós.

E foi nesta volta, imposta pelos ventos e pelas correntes dominantes, que a frota viria a descobrir o Brasil, enquanto velejava a Sudoeste.
Vejamos numa primeira aproximação:
No dia 21 de Abril, os marinheiros constataram a existência de algas à superfície, os botelhos, o que indiciava a proximidade de terra.


Ao amanhecer do dia 22, começaram a surgir aves vindas de Oeste (de terra) e pela tarde desse mesmo dia, ter-se-ão avistado pela primeira vez terras do Brasil.

Ao fim do dia, com as naus em fundo de 40 metros (14 braças de profundidade) foram deitadas âncoras em frente ao Monte Pascoal.


Na manhã do dia 23, os navios acercaram-se de terra até uma profundidade de 9 braças e foram avistados índios na praia.
Nicolau Coelho, porventura o primeiro a pisar terras de Vera Cruz, abicou à praia num escaler procurando estabelecer contacto com os índios, tarefa que resultou infrutífera.

A frota acabou por partir para Norte buscando fundeadouro seguro, que encontrou após algumas léguas, na denominada Baía Cabrália. 


Esta denominação terá sido dada pelo historiador Manuel de Casal (1754-1821), porquanto Pêro Vaz de Caminha chamou ao lugar Porto Seguro.
No dia 25 de Abril do ano de 1500 Cabral pisava terras brasileiras, depois de Bartolomeu Dias e de Nicolau Coelho.

No domingo dia 26, o missionário Frei Henrique celebrou a primeira missa nessas terras.

O astrónomo Mestre João, que acompanhava a expedição, em terra, tal como já fizera Vasco da Gama na baía de Santa Helena, observou a altura do Sol com um astrolábio, tendo concluído que a frota se encontrava nos 17º de latitude Sul.


Talvez seja este o momento para afirmar que um tanto estranhamente, a balestilha só terá sido utilizada com alguma regularidade no século XVI. Para além de Vasco da Gama e de Cabral, que não consta que transportassem nenhum destes instrumentos náuticos, o próprio Fernão de Magalhães levava a bordo 21 quadrantes, 7 astrolábios e nenhuma balestilha.

No dia 2 de Maio, Cabral partiu rumo ao Cabo da Boa Esperança, tendo o navio de Gaspar de Lemos retornado a Portugal, dando novas do descobrimento das terras de Vera Cruz, depois denominadas Santa Cruz e por fim, Brasil.

Já com 11 navios, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança, levantou-se um temporal que fez naufragar 4 navios com as respectivas tripulações.
Ironia do destino, Bartolomeu Dias seria honrosamente sepultado no seio desse Mar “maldito e amoroso”, seu lugar de glória de há doze anos atrás.

O navio de Diogo Gomes rodeou a costa pelo largo das águas do Índico e descobriu a Ilha de Madagáscar, para depois navegar até à entrada do Mar Vermelho, donde regressou a Lisboa pela costa africana, apenas com escala em Cabo Verde.

Cabral entrou no Índico com seis naus e dirigiu-se a Calecute, e depois a Coxim onde instalou uma feitoria.


Os navios, dispersos, foram entrando no Tejo na Primavera e Verão do ano 1501.










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