quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

5. - CAP. IV - CANÁRIAS, MADEIRA E AÇORES



Download do texto integral do blogue em »




A partir de 1415 intensificou-se o espírito expansionista dos Descobrimentos, vindo as Ilhas Canárias e a Madeira a constituírem-se como “bases” de um projecto especificamente africano.

Os pilotos destes primeiros tempos do Infante, navegavam segundo as regras da técnica a que já aludimos e que se denominava “rumo e estima”. Quando navegavam junto às costas, durante a noite tinham por hábito ficar a “pairar”, o que deve ter feito com que procurassem o largo, de molde a não perderem esse tempo de navegação.
Mas não eram apenas os ventos e as correntes marítimas que lhes dificultavam a vida. 

A linha de rumo não era obviamente constante. Para um navio que pretendesse seguir a derrota de A a B, sem alteração do rumo na carta, teria de contar com ventos favoráveis, porquanto as embarcações à vela estão limitadas quando navegam com o vento na proa. Isto aplica-se sobremaneira aos primeiros navios que apenas conseguiam progredir com vento de feição, praticamente no través e na popa. Assim, viam-se múltiplas vezes obrigados a singrarem em ziguezague, numa bolina muito folgada. Esta singradura realizada com bordadas, impunha o cálculo das milhas necessárias para retornarem à linha de rumo estabelecida para a viagem, bem como da distância dos bordos.

Para a efectivação de tal cálculo, usavam a Toleta de Marteloio, que aparece inscrita na Carta de André Bianco de 1436. Bianco foi um eminente cartógrafo veneziano que numa carta de 1448 faz referência a uma ilha a Oeste de Cabo Verde, o que pode indiciar que em 1447 – ou antes – um navegador português tenha avistado a costa brasileira.


A Toleta tinha duas tábuas. A primeira referia-se ao percurso em que o navio se afastava do rumo directo e a segunda dava as indicações para que o piloto pudesse regressar com segurança a esse mesmo rumo.

A Toleta de Marteloio veio a ser substituída pelo “Regimento Português das Léguas”.

  
Em 1419 foi feito o reconhecimento da Ilha de Porto Santo, o mesmo tendo acontecido com a Ilha da Madeira em 1420.
No ano de 1425 iniciou-se a colonização da Madeira.
João Gonçalves Zarco e Tristão Teixeira, escudeiros da casa do Infante, ter-lhe-ão solicitado um navio para atacar os mouros na costa marroquina. Mas, uma tempestade arrastou-os para a Ilha de Porto Santo.



No seu regresso, dando conta do feito ao Infante, logo este os enviou em nova viagem sob o comando de Bartolomeu Perestrelo.


No entanto, as primeiras culturas agrícolas realizadas nessa ilha de Porto Santo foram danificadas por uma verdadeira praga de coelhos, o que levou os exploradores à Ilha da Madeira, enquanto Perestrelo regressava a Portugal.

Apesar de tudo, suscitam-se dúvidas legítimas quanto à descoberta da Ilha de Porto Santo. Julga-se que dois anos antes, já os castelhanos aí haviam aportado, hipótese não despicienda em virtude de à época já estarem estabelecidos no arquipélago das Canárias.
Por outro lado, verificamos que a localização das  ilhas de Porto Santo e da Madeira constam de mapas de finais do século XIV.


As ilhas açorianas do grupo oriental e do grupo central, ou seja, Faial, Graciosa, Pico, Santa Maria, São Jorge, São Miguel e Terceira, devem ter sido descobertas pelo ano de 1427, não obstante a tradição indique o ano de 1431 ou 1432, por Frei Gonçalo Velho, comendador da Ordem Militar de Cristo, de que era Governador o Infante D. Henrique.


Mas, analisando-se o planisfério do cartógrafo Valseca, onde pela primeira vez surgem muito bem demarcados os Açores, aparece um descobridor de nome Diogo, não se conseguindo ler cabalmente o apelido. 


Uns leram “Senill”, outros “Sunis, “Sinus”, “Simis”. Damião Peres propõe “Silves”. Diogo de Silves teria sido o descobridor dos Açores e Frei Gonçalo Velho o colonizador.


O descobrimento dos Açores deve ter sido obra do acaso. O rumo directo é de todo improvável face aos ventos predominantes de Oeste. Provavelmente algum navio vindo da Madeira, procurando fugir dos ventos de Nordeste a impedir a sua progressão, terá rumado a Noroeste, aproveitando posteriormente os mencionados ventos oriundos de Oeste.


Se a Madeira foi a “base” para a exploração da costa africana, os Açores foram-no para a exploração de Oeste.






Veja-se ainda »


(BLOGUE DE NAVEGAÇÃO)





Sem comentários:

Enviar um comentário