quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

2. - CAP. I - OS PRIMÓRDIOS DA EXPANSÃO



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Não foram os portugueses nem os castelhanos os primeiros a singrar os mares ou o Grande Mar Oceano.


Os homens navegaram desde sempre. Os navegadores da Antiguidade, nomeadamente os polinésios, procuraram aperfeiçoar métodos simplificados para navegarem entre ilhas orientando-se pelas constelações e por estrelas.
Os Fenícios orientavam-se pela Ursa Maior.
Os romanos já tinham chegado às ilhas Canárias.
Mas os métodos utilizados não lhes permitiam “tirar o ponto”, ou seja, determinar ainda que com maior ou menor erro a sua posição no mar em navegação do alto. A navegação costeira, por seu turno, estava facilitada pela existência de pontos conspícuos nas costas.

Não foi fácil o espaço percorrido pela navegação à vista e pela do alto estribada em métodos rudimentares. Muitos anos decorreriam até que a astronómica surgisse, na verdadeira acepção da palavra:
- cálculo da latitude pelo Sol;
- cálculo da latitude pela Polar;
- cálculo da latitude por outras estrelas; e
- cálculo da longitude.



Atente-se, que se o cálculo da latitude já é realizado pelos navegadores do séc. XV, o da longitude, que é um problema de tempo, só se tornou possível no séc. XVIII com a invenção do cronómetro de marinha pelo relojoeiro inglês John Harrison (1693- 1776) e isto, depois de muitas tentativas frustradas. Nomeie-se a título exemplificativo o processo de cálculo das longitudes baseado na variação da declinação magnética, constante do “Regimento das Longitudes”, de Rui Faleiro, que terá sido utilizado ainda que pontualmente por Fernão de Magalhães na sua viagem de circum-navegação.

Nos séculos XV e XVI, os navegadores faziam essencialmente uso das ampulhetas, que serviam para medir o tempo.


Entre os anos 500 e 1000 a Europa padeceu de grande alvoroço político o que afectou a actividade económica. Neste período o Mar Mediterrâneo estava essencialmente dominado pelos Árabes.

Logo no século XI constatamos um aumento significativo nas relações comerciais dos povos europeus, quer entre si quer entre si e os continentes africano e asiático.
Aqui assumiram papel de relevo as repúblicas italianas, muito em especial Génova e Veneza, que possuíam navios que velejavam no Mediterrâneo e faziam escala nos principais centros comerciais, nomeadamente Alexandria e Bizâncio.

Com o decorrer do tempo foi aumentando uma classe de mercadores suficientemente ricos para movimentarem quer por terra quer por mar quantidades consideráveis de mercadorias, o que implicava um sistema “capitalista” embrionário, com moeda e instituições bancárias, podendo dizer-se que o século XIII é o século gestante da denominada “revolução comercial”.


A revolução comercial alimentou um espírito expansionista. Por um lado a conquista de novos mercados e consequentes novas fontes de rendimento, e por outro, encapotada ou não, por interesses meramente materiais, a difusão do cristianismo nas zonas a sul do mediterrâneo, praça-forte de muçulmanos.
No esforço expansionista comercial filiam-se as viagens terrestres de alguns venezianos, tal como a de Marco Polo (1254-1324), na segunda metade do século XIII.

Será interessante aqui realçar uma primeira tentativa de atingir o Oriente por via marítima. Dois jovens, os Vivaldi, largaram ferro no ano de 1291, com frota reduzida e saindo do Mar Mediterrâneo entraram no Atlântico, desconhecendo-se se pretendiam seguir para Oeste ou fazer o acompanhamento costeiro de África. No entanto, nada mais se soube dos dois irmãos, seus intentos  e navios.

Logo no princípio do século XIV, um genovês, Lançarote Marcelo, descobriu ou redescobriu as Ilhas Canárias. E dizemos que redescobriu, já que tudo aponta para que algumas ilhas já fossem conhecidas no tempo do Império Romano.

A náutica mediterrânica anterior ao século XV, estribou-se na utilização da carta-portulano com existência de linhas de rumo nela delineadas, sem referência a latitudes, e à utilização de bússolas, uma invenção dos chineses, instrumento náutico que a bordo dos navios indicava constantemente o Norte.


As agulhas magnéticas terão começado a ser utilizadas na Europa no século XII.

Nestas cartas os múltiplos rumos nelas marcados eram os magnéticos e não os geográficos, por desconhecimento da declinação magnética. Julgamos que a declinação magnética só foi constatada no século XV, e por Cristóvão Colombo.

As mais antigas que se conhecem são a Carta Pisano e a Carta de Carignano, de finais do século XIII ou inícios do século XIV.



Temos uma primeira referência segura à utilização de cartas náuticas no ano de 1270. São de referir os mapas-múndi de Abraão Cresques (1323-1387) do Atlas Catalão de 1375.

Deste modo praticava-se uma navegação de “rumo e estima”. Os pilotos identificavam o rumo da derrota na carta e estimavam as distâncias percorridas, em conformidade com a sua experiência e com métodos expeditos, o que nem sempre era tarefa fácil como consequência dos abatimentos sofridos pelos navios por efeito dos ventos e das correntes marítimas – o abatimento pode definir-se como o ângulo formado pela quilha do navio e a alheta, que é o sulco deixado na superfície do mar quando o navio está a navegar, por acção do vento ou do mar.

No século XIII ou XIV os portugueses já teriam conhecimento das Tábuas Afonsinas, que terão sido um precioso auxílio nas navegações que encetaram.
D. Afonso X (1221-1284), o Sábio, foi Rei de Castela e Leão. Ainda antes de ascender ao trono, reuniu na cidade de Toledo um grupo de astrónomos com o objectivo de elaborar as ditas Tábuas, que vieram substituir as Tábuas Toledanas elaboradas pelo astrónomo e matemático árabe Zarkali (1029-1100).
As Tábuas Afonsinas coligiram o saber astronómico da época e foram publicadas no dia em que Afonso X subiu ao trono (30 de Maio de 1252).



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